Durante a estação a que chamamos tsuyu ou estação das chuvas, a cor da Natureza fica mais profunda e escura. O ar carregado de humidade faz o papel de uma lente, intensificando o denso verde das folhas de bordo de lua-cheia e de carvalho, brilhando vivamente no meio dos chuviscos. Cada ramo fica mais pesado com as gotas de água na ponta de cada folha.
Subindo as escadas da estação de metro de Keage, continuei para os restos do 'funicular' do Canal Biwako. Durante a Restauração Meiji no século XIX, o Imperador deixou mudou-se de Quioto para Tóquio, o que ditou o fim de Quioto como capital do Japão. O declínio de Quioto tornou-se uma realidade semelhante ao destino do Gosho de Quioto - o Palácio Imperial de Quioto. O povo de Quioto sentiu-se inquieto sobre o seu futuro. O então Governador de Quioto, Kunimichi Kitagaki, era um deles. Ele advogou então um novo projeto.
Quioto é uma cidade construída sobre correntes de água de nascente subterrâneas, mas na verdade, a quantidade de água não é assim tão grande. Por outro lado, no distrito vizinho de Shiga situa-se o Lago Biwako, o maior do Japão. O projeto de Kitagaki consistia em conduzir água do lago. Penetrando através das montanhas com túneis, eles completaram um canal chamado "Biwako Sosui" em 1890.
Os navios de carga que navegam neste canal são largados 32 metros abaixo no Rio Kamogawa em Keage. O sistema consiste em carregar os barcos colocando-os em carros plataforma. Não é fantástico como as pessoas no Período Meiji se lembraram de uma ideia tão ousada? Como resultado, o transporte em massa por água e também por terra tornou-se uma realidade. Quioto ficou cheia de vida e energia novamente.
Ao mesmo tempo, a primeira central alimentada a energia hidráulica também foi aqui estabelecida. Um belo exemplo de arquitetura feita de tijolo chamado 'Suiro-Kaku' ergue-se junto ao Templo Nanzen-ji. A eletricidade aqui produzida alimentou o Kyoto Shiden - o primeiro caminho de ferro elétrico municipal no Japão, e também alimentou as primeiras lâmpadas a arco voltaico no Japão.
Meditando nesses dias passados, surpreso pelas coincidências da vida quotidiana, e animado pela alegria de conhecer novas pessoas, fiz o meu caminho, passo a passo, no caminho de tijolos molhados. Que força fez este funicular carregar para cima e para baixo há um século atrás? Que sonhos, desesperos, saudades ou tristezas lavou este canal? Tudo está num estado de fluxo.
Caminhando avante, meditei sobre estas emoções cruas com o som suave do canal bem fundo no meu coração, e rapidamente me encontrei em frente ao portão do Templo Nanzen-ji. O meu breve passeio no meio da chuva tinha chegado ao fim. Não obstante, fiquei com a sensação de ter vivido um sonho.