Senjo-ji, Fushimi Inari, Kiyomizu-dera... muitos dos melhores destinos turísticos do Japão são santuários e templos. Há muitos outros, menos conhecidos, mas ainda assim magníficos, por todo o Japão, mesmo nas áreas metropolitanas.

Visitar estes espaços sagrados tem sido uma importante tradição dos japoneses, nomeadamente durante o Ano Novo, quando se formam longas filas de pessoas a rezar por um bom ano, em frente aos grandes santuários e templos. Embora nem todos os japoneses estejam a par das maneiras e da etiqueta necessárias para uma visita a um santuário ou templo, não deixe de seguir este guia e de fazer as coisas corretamente.

Visão geral

O ato de visitar e ir rezar a um santuário ou templo chama-se omairi. Quando se realiza no Ano Novo, dá-se o nome de hatsu-moude.

Um facto preocupante para muitas pessoas é a ideia de que rezar em muitos santuários e templos pode trazer azar, uma vez que tal atitude dá a impressão de ser uma pessoa gananciosa. No entanto, este é um simples mito, já que cada santuário e templo tem o seu conjunto de virtudes divinas. Assim, não se preocupe em escolher apenas um dos esplêndidos santuários ou templos!

Diferenças entre santuário e templo

Não parece ser uma questão difícil à primeira vista, mas os próprios japoneses, muitas vezes, não sabem a resposta!

Há duas maneiras de facilmente distinguir estes locais. Em primeiro lugar, os santuários têm um portão simples, chamado torii, que separa o mundo humano do terreno sagrado, enquanto a entrada do templo chama-se sanmon, parecendo-se mais com uma grande casa do que com um portão. Em segundo lugar, os templos têm quase sempre imagens e estátuas budistas, mas os santuários não.

Assim, e resumindo numa só frase, os deuses residem nos santuários, enquanto os Budas residem nos templos.

Visitar um santuário

Curve-se ligeiramente antes de entrar nos portões torii e lembre-se de andar nas bordas do caminho para o santuário, isto é, não caminhe na zona central. O centro do caminho e dos torii são para os deuses, e não para os humanos.

A caminho do santuário, encontrará um pequeno pavilhão com um tanque com água (chamado chozuya), o lugar onde você deverá purificar-se antes de se aproximar da parte principal do santuário. Encha a concha com água e despeje um pouco sobre a sua mão esquerda, e depois sobre a direita. De seguida, limpe a boca, segurando a concha com a mão direita e despejando um pouco de água na esquerda, lavando ligeiramente - não lave a sua boca diretamente com a concha! Por fim, segure a concha verticalmente, permitindo que a água restante deslize e limpe a pega. Se visitar o santuário no inverno, não ignore este passo só por estar muito frio!

Quando chegar ao santuário, estará finalmente preparado para rezar. O processo pode ser dividido em várias etapas.

Curve-se ligeiramente.

Deixe cair gentilmente uma moeda na caixa à sua frente. A quantidade de dinheiro não interessa. Não é por gastar uma moeda de 500 ienes que terá maior probabilidade de os seus desejos se concretizarem. Muitos japoneses acreditam que usar uma moeda de 5 ienes aumenta as probabilidades de encontrar um parceiro, já que o go-en é uma palavra homófona e significa, também, "relação". No entanto, não passa de uma lenda urbana e os deuses já existiam antes de o iene ter começado a circular.

Toque no sino (se existir) duas ou três vezes, assinalando aos deuses a sua chegada.

Faça duas vénias profundas (até fazer um ângulo de 90 graus).

Bata duas palmas, com a mão esquerda ligeiramente à frente.

Reze e faça o seu pedido, lembrando-se de agradecer devidamente aos deuses.

Faça uma vénia profunda.

Visitar um templo

As mesmas regras do santuário são aplicáveis aos templos - curve-se ligeiramente antes de entrar, percorra o caminho lateralmente e purifique-se na chozuya. No entanto, a forma de rezar é diferente.

Queime o incenso (normalmente disponível no templo). O perfume do incenso é o alimento para Buda. Acender o seu próprio incenso através dos pauzinhos já acesos de outros é errado, pois significa que estará a assumir os seus pecados.

Curve-se ligeiramente.

Deixe cair gentilmente uma moeda à sua frente.

Toque o sino (se existir) duas ou três vezes.

Curve-se ligeiramente e faça as suas rezas, colocando as suas mãos juntas, mas NÃO BATENDO PALMAS. É recomendável que segure um colar de contas ou rosário. Não se esqueça de agradecer a Buda!

Curve-se ligeiramente.

Após as orações

Depois de fazer os seus pedidos aos deuses, poderá comprar, nos santuários, as ema, que consistem em pequenas placas de madeira sobre as quais se escrevem os desejos, sendo depois penduradas para serem enviadas aos deuses. Os souvenirs mais populares são as hamaya, "setas sagradas" usadas para decorar as casas e afastar os maus espíritos, e os diferentes tipos de omamori ou amuletos, por exemplo para a segurança rodoviária ou a gravidez. Os shuin, carimbos comemorativos, são oferecidos quer nos santuários, quer nos templos, como uma lembrança por ter ido venerar os deuses.

Para além disso, normalmente por apenas 100 ienes, poderá comprar um omikuji, isto é, um pedaço de papel em que é adivinhada a sua sorte. Dependendo do seu destino, poderá guardá-lo ou atá-lo a uma corda. Embora a maioria esteja em japonês, alguns santuários oferecem cópias em inglês destes papéis. O nível de sorte dos omikuji é classificado da seguinte forma (do melhor para o pior):

dai-kichi (大吉) - Grande Bênção

chuu-kichi​ (中吉) - Bênção Média

sho-kichi (小吉) - Pequena Bênção

kichi (吉) - Bênção

sue-kichi (末吉) - Quase Bênção

kyo (凶) - Azar/Maldição

dai-kyo (大凶) - Grande Azar/Maldição

Para além disso, o omikuji dá conselhos sobre diferentes aspectos do ano vindouro, nomeadamente, sobre viagens, relacionamentos, saúde e desejos.

Da próxima vez que visitar um santuário ou templo japonês, não se limite a tirar fotos - experimente rezar, seguindo estes passos simples.