O aeroporto de Kansai foi construído sobre um aterro artificial e está ligado a terra firme por uma ponte para automóveis e comboio (Photo: NASA Earth Observatory / Public Domain)

Aeroporto de Kansai: A Melhor Porta para o Japão

Muito mais do que um aeroporto!

O aeroporto internacional de Osaka, conhecido como Aeroporto de Kansai, ou “KIX” nas etiquetas das malas, é o meu aeroporto preferido do Japão. Este aeroporto não tem tanto movimento como os de Tóquio, ou se tem, não se nota tanto, e os seus serviços são os melhores do sector. Para além de ser muito conveniente voar para o KIX para conhecer o resto do Japão, não deixe de apreciar o aeroporto em si, e de usar o que este dispõe para tornar a sua chegada/partida ainda mais agradável.

Dormir nas nuvens

Já ouviu falar em “jet lag”? Ou talvez já o tenha sentido na pele… Os sonos trocados, variações de humor, sistema imunitário fragilizado, problemas digestivos, etc. Muitos viajantes não dão um desconto ao seu corpo, ou não têm como o preparar para o ajuste de horários, e por isso o "jet lag" acaba por estragar os primeiros dias das suas supostas férias.

No KIX pode contar com um dos melhores hotéis de aeroporto do Japão, o único onde me parece que vale mesmo a pena fazer uma reserva para o dia em que se chega. Esse “dia zero” é necessário para que todos os outros corram bem, sobretudo se vem do extremo ocidental da Europa. O Nikko Kansai Airport Hotel fica praticamente dentro do aeroporto (existe uma ponte pedonal entre ambos) mas tem uma construção tão cuidada que não se ouve um único ruído ou vibração. Além disso, não tem preços proibitivos como acontece com muitos hotéis desta gama e nesta localização. Recomenda-se reserva com 3 meses de antecedência para ter os melhores preços e ainda muitos quartos por onde escolher.

Mesmo que o seu voo chegue de manhã e não possa logo fazer o check-in, no hotel guardam-lhe as malas. Pode decidir ficar no lobby super confortável – com sofás, internet gratuita, tomadas elétricas – ou pode ir tratar de algumas questões práticas nas lojas do aeroporto – por exemplo comprar adaptadores para as tomadas, tomar uma refeição, trocar dinheiro – e pode ainda fazer uma excursão de algumas horas a Sakai.

Com efeito, o aeroporto não fica exatamente em Osaka, mas sim Izumisano. A partir daqui, de comboio ou autocarro, pode tomar a direção de Osaka e sair em Sakai, uma cidade intensamente voltada para o comércio e o porto, com centenas de anos de história e tradição. Sakai é cosmopolita e um ótimo sítio para começar a explorar o Japão, tendo ainda a particularidade de ter uma representação dos famosos biombos namban (representando a chegada dos portugueses ao Japão no século XVI) como decoração da entrada da sua principal estação de comboios.

Dica: Não precisa de reservar com pequeno-almoço no hotel Nikko Kansai. Poupe esse valor sem receios porque na zona de restauração do aeroporto tem possibilidade de tomar pequeno-almoço tão bom ou melhor que o do hotel, e muito mais barato.

Maravilhas da conveniência

O Aeroporto de Kansai é conhecido por ser o “aeroporto internacional” da região, mas recentemente poderá mesmo passar de um voo internacional (por exemplo vindo de Portugal) para um voo doméstico que o leve a outras partes do Japão. Dantes, para o fazer, tinha de apanhar o comboio até ao aeroporto “doméstico” de Itami. Mas agora existem companhias aéreas que já fazem ligações nas pistas do KIX, como por exemplo a “Peach”, que até é uma companhia low cost. É preciso mudar de terminal, passando do nº1 para o nº2, mas existe um autocarro gratuito muito frequente, e a viagem demora menos de 10 minutos.

Contudo, tenha em consideração que nas companhias aéreas de voos domésticos os critérios com a bagagem são muito diferentes dos voos internacionais. Em primeiro lugar tem de levantar a sua mala ao chegar ao KIX e depois ir com ela fazer o check-in para o voo doméstico, não existindo serviço de transferência de bagagem. Em segundo lugar, uma mala de mão que pode ir consigo na cabine de um avião (considerando o critério de companhias low cost europeias, como por exemplo a Easy Jet ou outras semelhantes) tende a ser considerada “bagagem de porão” no Japão. De modo geral a única coisa que pode ir consigo na cabine é uma mala de senhora ou uma mala a tiracolo pequena, uma pasta de trabalho ou uma pequena mochila (com máximo de 10 kg). Mas a conveniência é um princípio de atendimento ao público que tem soberania, por isso o check-in destas companhias está preparado para acrescentar a sua mala extra - por um preço adicional, claro. Se o seu bilhete já incluía uma mala, pode ainda acontecer que o peso da sua mala seja considerado “excessivo”, e por isso poderá ter de pagar um pouco mais. Por exemplo, por uma mala que tinha 21kg, quando eu tinha registado uma bagagem já no bilhete, tive de pagar um extra de 23 euros.

Dica: leve na bagagem uma mochila pequena e vazia, que depois irá usar como “bagagem de mão” para colocar os seus bens pessoais e frágeis segundo os critérios dos voos domésticos. Este sistema também o ajudará a gerir a bagagem quando precisa de usar comboio ou autocarro expresso que não permite bagagens volumosas nos compartimentos dos passageiros, algo que é bem mais comum no Japão do que possa pensar.

Tudo o que precisa, num só lugar

O edifício do aeroporto estende-se por três pisos, mas os mais importantes para os visitantes são o piso 1 (chegadas internacionais) e o 2 (partidas e chegadas nacionais, serviços e lojas). Para além das habituais lojas de lembranças, o piso 2 tem dezenas (isso mesmo, dezenas!) de locais para se deleitar com a gastronomia, desde pratos típicos japoneses a pratos da China e da Coreia, e também cadeias internacionais como McDonald's, Burger King e Starbucks. Existem ainda várias lojas de conveniência que vendem refeições em caixa (bento) e muitas outras coisas para petiscar, bem como utilidades que fazem sempre falta. É ainda no piso 2 que pode encontrar o posto dos correios, a partir de onde poderá enviar por encomenda-postal (caixa) aquelas coisas que estão a fazer peso a mais na mala. As caixas em si são muito baratas (dois euros ou pouco mais), pelo que é o peso do seu conteúdo que irá determinar o valor a pagar. Se não tiver pressa em receber as coisas (se não forem produtos perecíveis) – quer ter a certeza que chega, mas não faz mal se demorar um mês ou mais – então escolha a opção via marítima. A via aérea é mais rápida mas mais cara.

Mesmo ao lado do posto dos correios encontrará as máquinas de levantamento de dinheiro (máquinas ATM) do banco dos correios (tal como em Portugal também há o banco dos CTT). Se ainda assim tiver alguma dúvida, pode pedir ajuda às funcionárias do JP-Post, que para além de dominarem bastante bem a língua inglesa, estão totalmente a par do assunto e com competências para resolver qualquer problema do JP-Bank por si.

No segundo piso também pode guardar as suas malas na zona de cacifos, mesmo as grandes, durante vários dias. Estes cacifos metálicos são muito seguros e estão num local arejado e com videovigilância. Custam aproximadamente três euros por dia, mas podem dar-lhe a independência de ir passar dois dias (por exemplo) a outro local aqui perto.

Descendo um piso, encontrará os balcões das empresas de telecomunicações, que talvez tenha de visitar para alugar um dispositivo de Wi-Fi para uso individual ou familiar. Estes dispositivos são indispensáveis para ter cobertura de internet quando visita o Japão.

Não será nestes pontos de atendimento que encontrará os melhores preços - estes estão sem dúvida para quem faz a encomenda e pagamento com muita antecedência, ainda antes de chegar ao Japão, e via online. Mas, se por algum motivo não teve como o fazer, conte com estes serviços logo ao chegar ao aeroporto.

A saída do edifício do aeroporto não lhe parecerá uma saída, pois na verdade a zona do aeroporto funde-se com a plataforma multimodal de transportes de Osaka. Ali, mesmo ao sair das portas de vidro, irá encontrar as linhas de comboio locais, regionais e rápidas, os terminais de autocarros de várias empresas, os táxis e os minivans das companhias turísticas. O escoamento das pessoas é tão eficiente que, apesar do tráfego aéreo intenso, o aeroporto não acumula passageiros e parece estar sempre muito desafogado.

Ao passar pelo átrio à volta do qual se localizam as passagens para as linhas de caminhos-de-ferro, pode continuar em frente, e passar numa ponte pedonal curta (apenas para atravessar a estrada que lhe passa por baixo), ficando assim do lado do Hotel Nikko e também do lado de um pequeno mas interessante centro comercial. A zona designa-se “Aeroplaza”.

Este minúsculo centro, normalmente esquecido pelos viajantes que estão no aeroporto, tem mais lojas de conveniência (se as outras estiverem muito cheias ou não tiverem o que procura, pode tentar aqui), e ainda um centro de massagens especialmente concebidas para stress, noites mal dormidas, e posição/postura afetada pelas condições da viagem.

Ainda na “Aeroplaza”, na ponta oposta à entrada para o Nikko Kansai, existe uma sala de grandes dimensões com sofás sem suportes de braços (o que permite, por exemplo, dormir algumas horas) segura, arejada e bem iluminada, onde não pode entrar com bagagens. É considerada uma sala de espera e leitura, por isso não pode fazer barulho ou comer.

Dica: Tome uma refeição quente num dos restaurantes que ficam na rua “escondida” no piso 2; esta rua não está virada para os átrios principais. Um “set menu” de almoço reforçado irá custar-lhe menos de 10 euros. Gostaria de levar guloseimas e lembranças para os amigos? Compre nas lojas de conveniência; os mesmos artigos podem custar até três vezes mais nas lojas especializadas em lembranças, distando apenas poucos metros umas das outras.

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