Alugar Carro e Conduzir no Japão

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O Japão é um país com muitos e bons transportes públicos, mas infelizmente estes apenas cobrem uma parte do território. Se é bem verdade que nas cidades (e entre cidades) pode sempre contar com comboios, autocarros, barcos e aviões, já o mesmo não se passa se quiser explorar ilhas menores ou zonas rurais. Para isso terá de alugar um carro, tal como os próprios japoneses quando querem ir para essas regiões. A boa notícia é que a carta de condução emitida em Portugal e para quem tem nacionalidade portuguesa permitirá que venha a conduzir no Japão. Contudo, terá de seguir as indicações que aqui explico. Por isso, aqui vamos nós: o guia para alugar carro e conduzir no Japão.

Antes de ir

O primeiro passo, cronologicamente, será decidir para que zona vai e fazer a pré-reserva do seu carro online. Naturalmente poderá alugar carro "na hora", mas os preços serão muito melhores se fizer a reserva online antes de fazer a viagem. Recomendo aproximadamente um mês de antecedência para as zonas com menos oferta de aluguer de automóveis (ou menos veículos disponíveis), e antecedência ainda maior se estiver a pensar fazer a sua viagem ao Japão na primeira semana de maio, durante o mês de agosto, ou por alturas do Ano Novo. Existem vários sites para aluguer de carros no Japão, e poderá mesmo fazê-lo através de sites em inglês. Escolha marcas grandes, como a Toyota ou a Nissan, que por sua vez têm concessionários menores espalhados por todo o país. Assim, terá os benefícios da garantia da marca e uma vasta rede por onde escolher. Decida tudo através do site, incluindo o seguro e os extras que quer no carro, pois o mais provável é ninguém falar inglês (ou nenhuma outra língua para além de japonês) quando chegar ao stand para fazer o levantamento e o pagamento final. Geralmente aceitam pagamentos com cartão de crédito e de débito. Evite alugar carro a partir do aeroporto, já que os preços são muito mais caros. Em vez disso será melhor escolher um pick-up/drop-off no centro de uma localidade. Não se poupe no seguro, já que o Japão é um país com condições naturais adversas, as estradas rurais são extremamente estreitas e mal cuidadas, e o sector dos serviços de polícia e emergência não possui intérpretes noutras línguas. Por isso é importante um seguro que cubra não só os danos ao carro mas também a assistência em viagem, e ainda um call center 24h pelo menos em inglês. Se seguir estas indicações, pode contar, por exemplo, com um Toyota de 4 lugares por 250 euros para três dias completos. Note ainda que os stands de levantamento e entrega do carro não estão abertos à noite depois das 19:30, nem aos domingos, e há ainda os feriados japoneses (consulte o calendário com antecedência).

Documentação

Para conduzir legalmente no Japão deverá ser portador da sua carta de condução portuguesa e também de um documento que se chama "Carta de Condução Internacional" ou "Licença de Condução Internacional". Na verdade há mais do que um modelo deste tipo de documento e o Japão estabeleceu um acordo com Portugal para reconhecer o dito documento quando este é no modelo da Convenção de Genebra de 1949. Para obter este documento deverá dirigir-se a um escritório da ACP - Automóvel Clube de Portugal, já que esta é a única entidade em Portugal que está autorizada a emitir o documento. Para fazer o pedido tem de fazer o pagamento (com preços diferentes conforme a sua situação de sócio ou não sócio da ACP) e também tem de entregar uma fotografia atualizada (tipo passe). O documento não é emitido na hora, geralmente tem de esperar entre cinco a sete dias, por isso não guarde para a última hora! A Carta de Condução Internacional, em conjunto com o seu passaporte e também a sua carta de condução portuguesa são os documentos indispensáveis para apresentar na hora do levantamento do carro e sempre que a polícia lhe pedir. Com isto pode conduzir no Japão até um período máximo de três meses (com visto de turista) ou de um ano (com visto de estudante, trabalhador ou residente). Para os que têm visto de residente ou de trabalhador existem outras opções para conduzir no Japão de forma mais permanente, mas neste guia vou focar-me somente nos turistas ou visitantes de curta duração.

Diferenças e Semelhanças

A condução no Japão é feita pelo lado esquerdo da estrada, e o volante encontra-se do lado direito do carro, por isso é como conduzir no Reino Unido. Em tudo o mais as regras de trânsito são iguais a Portugal, e até as velocidades máximas são as mesmas (por exemplo, 50 km/h dentro das localidades). Os carros têm todos caixa de velocidades automática (não mete mudanças) e podem ter o manípulo da caixa ao lado do volante ou ao lado do assento. Esta diferença é provavelmente mais significativa para o seu acto de condução do que a mudança de lado na faixa de rodagem, já que deixa de ter também o pedal das mudanças e passa a ter só o travão e acelerador. Todos os outros comandos são equivalentes, embora os carros japoneses tenham um upgrade ao nível do estacionamento (mais sobre isto adiante).

Legalidades e ilegalidades

No Japão há menos tolerância para o estacionamento indevido do que em Portugal. Os locais para estacionamento estão devidamente marcados e nunca se pode deixar o carro em local que não seja indicado como estacionamento. Mesmo que o carro esteja bem estacionado, bem visível, e até pode mesmo estar ao lado de um outro carro que está devidamente estacionado. Se o lugar não é oficialmente de estacionamento então simplesmente não pode estacionar ali.

As velocidades máximas têm e ser respeitadas em 100% dos casos, e os japoneses têm a tendência de andar mais perto da velocidade mínima do que da máxima. Não assuste os outros condutores andando muito mais depressa do que eles, adapte-se ao fluxo da estrada, não faça ultrapassagens exceto em caso de emergência. Lembre-se que nas estradas de montanha ou zonas rurais poderá haver animais a aparecer na estrada, desde javalis a veados, etc.

Não é ilegal estar a conduzir no centro de uma estrada quando a estrada não tem linha divisória entre as faixas de rodagem, com efeito, é mesmo essa a maneira como quase todos os japoneses conduzem nas estradas estreitas e rurais. Se vier um carro no sentido oposto podem simplesmente encostar-se um pouco para o lado no momento em que se cruzam, ao mesmo tempo que abrandam a velocidade ao mínimo, e depois cada um retoma o percurso sensivelmente no centro da estrada.

É ilegal (tal como em Portugal) e severamente punido o uso do telemóvel enquanto conduz. Se vier a usar o seu telemóvel como GPS certifique-se que tem uma garra para o prender a alguma parte do tablier do carro, de modo que fique fixo e não necessite de lhe tocar durante a condução. Com efeito, o sistema de navegação dos carros japoneses é muito mau, sendo francamente inferior ao GoogleMaps e sobretudo às aplicações de geo-referenciação e criação de percursos de navegação. Para além disso, os menus não estão 100% em inglês mesmo quando faz a compra de um GPS "em inglês" no acto de reserva do carro. Por isso pode bem dispensar esse extra e partir do princípio que vai usar o seu telemóvel. Claro que para isso precisará de gastar mais bateria, e de ter acesso à internet garantido (alugue pocket Wi-Fi ao chegar ao Japão), mas é muito mais seguro do que ser encaminhado para o local errado!

Não poderá dormir no seu carro nem ter o carro estacionado durante a noite toda num parque. Por favor não alugue um carro para fazer dele o seu hotel! (Existem avisos a respeito disso nos stands de aluguer de automóveis, por isso estou a reproduzi-los.)

Particularidades

Os condutores japoneses são ensinados a estacionar sempre de marcha atrás, e esta é uma regra muito estimada por todos, por isso os carros têm um sistema sofisticado para o fazer. Ao colocar o seu manípulo das mudanças automáticas em "R" (Reverse) começará a ouvir um apito exactamente igual àquele que os camiões pesados fazem ao andar para trás em Portugal. Associamos portanto esse apito a um veículo pesado e que tem pouca visibilidade quando anda para trás, mas no Japão mesmo os carros mais pequenos e familiares têm-no. O apito tem um volume muito alto e pode distraí-lo ou enervá-lo no princípio. Tente concentrar-se para que não seja o apito a causar o acidente! Outra particularidade deste sistema é que os japoneses não contam com o espelho retrovisor nem os espelhos laterais para estacionar, já que usam um ecrã no próprio tablier que lhes mostra o que as câmaras traseiras estão a filmar. Sobre a imagem estão linhas de direcção da marcha, de tal modo que pode estacionar olhando para o ecrã à sua frente. Avance devagar e aprenda a adaptar-se, mesmo que demore mais tempo a estacionar nas primeiras vezes que o faz. Os japoneses não fazem manobras em parques de estacionamento, simplesmente estacionam todos de marcha atrás e com um só movimento. Por isso não confunda os outros condutores e tente fazer o mesmo.

Combustível

Os postos de combustível têm sempre muitos funcionários que lhe colocarão o combustível ou, se estiver numa pista de self-service, o ajudarão a escolher as opções no menu da máquina. O combustível é muito barato e, por andar a velocidades baixas, não gastará muito. Lembre-se de encher o depósito antes de entregar o carro. Alguns stands de aluguer de automóveis têm acordo com a ENEOS ou outras empresas de abastecimento, de tal modo que pode guardar o recibo e ser parcialmente compensado no fim.

Vantagens

Muitas partes do Japão são de uma beleza impressionante, com paisagens de cortar a respiração, gastronomia inacreditável (e barata), habitantes simpáticos e grande valor histórico e cultural, mas simplesmente estão muito mal servidas de infraestruturas. Não há hospitais grandes, a escola apenas dá educação até ao 9º ano (as crianças têm de mudar-se para uma cidade a dezenas de quilómetros para fazerem o secundário) e, claro, as redes de transportes públicos nunca lá chegam. O carro é o único meio para ir a estes lugares e levar algum benefício para estas comunidades, ficando nos seus alojamentos e comendo nos seus restaurantes. Aproveite para relaxar e fazer uma escapadinha ao seu ritmo, já que o carro lhe dá 100% de independência para explorar.

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