Exposição "De Portugal para Kyushu" - Character Design

Paula Walker apresenta as diversas fases do seu trabalho

Paula Walker, a artista responsável pelo Character Design da exposição "De Portugal para Kyushu", descreve as diversas fases do seu processo de trabalho.

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O convite da Associação Rotas da Lusofonia para desenhar as personagens que ilustram os textos da exposição “De Portugal para Kyushu" assentou-me no coração como uma luva.

Primeiro, com o meu trabalho como professora de Desenho, Pintura a Tinta-da-china e Character Design a tomar-me o tempo quase todo, começava a sentir falta de criar alguma coisa que não fosse só para os exercícios das aulas, mas que tivesse um cunho mais pessoal, mais liberdade criativa.

Depois, tenho um fraquinho pelo Japão e pela sua cultura. Finalmente, sou uma apaixonada por formas pedagógicas que contribuam realmente para um apurar da mente, do coração e do agir. Participar neste projecto-exposição permitia-me alcançar tudo isso. Aceitei, sem hesitar.

Estou habituada a trabalhar tanto com meios digitais como com suportes físicos – embora seja, talvez, mais adepta do desenho com papel e lápis!

Contudo, desta vez, optei por preparar tudo em suporte digital. Assim, decidi desenhar directamente no ecrã, sobre as imagens que recebia com os fundos, em directo, partilhando os sketches em tempo real ou através de printscreens. Isto foi particularmente útil na fase da concepção e do planeamento da integração das personagens no layout dos fundos.

Uns meses antes, durante umas experiências com ilustrações para as aulas, descobri o ArtRage: um programa de pintura digital até então fora do meu horizonte, mas que tem umas ferramentas de pintura digital maravilhosas, muito leve e intuitivo.

Fiz algumas experiências e defini o estilo gráfico para o desenho e pintura das personagens. O ArtRage reagia bem no Surface, e com estas ferramentas conseguia ser mais rápida, com os resultados a ficarem exactamente como eu desejava. Porém, uma dúvida subsistia: o ArtRage só cria imagens RGB, e eu precisava de um programa que criasse imagens CMYK.

Vi os primeiros testes de impressão dos fundos, que chegavam da gráfica. Excelentes. As cores eram praticamente as que víamos no ecrã. Decidi arriscar. Aumentei os pixéis da imagem para mais do que o tamanho necessário, de maneira a compensar no que me era possível. No fim, exportei as imagens e enviei-as à designer Inês Ferreira, que as integrou no layout de cada painel.

Por causa do tom castanho-dourado dos fundos, havia três cores cuja reprodução deveria ficar exactamente como eu as tinha idealizado: o azul-ciano da camisola do rapaz, o rosa-lavanda do vestido da rapariga e o verde-água da mascote.

Quando vi o resultado final, fiquei muito contente. Tudo estava exactamente como tinha pensado, sem qualquer perda de vibração das cores, ao longo dos oito painéis que constituem esta exposição.

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Esta é uma série que constituirá três artigos, que explorarão o desenvolvimento da referida exposição passo a passo. Os próximos dois chegarão em breve e abordarão os seguintes temas:

  • Processo de design das personagens (personalidade vs estética), desenho, aplicação da cor
  • Os objectos - alguns pormenores das roupas d’época e de adereços das imagens

Não perca!

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