Os onsen e os resorts de esqui do Mt. Zao constituem um dos melhores lugares para os amantes do esqui no Japão, e ao olhar para este local, acredito completamente. Existe um grande número de teleféricos fantásticos que funcionam com base num cartão muito fácil de utilizar, e além disso, a neve estava fantástica. Havia também um enorme número de cafés na zona, e no fim do dia pode mergulhar o seu cansaço num onsen até conseguir sentir os dedos dos pés outra vez, pelo que considero um excelente local para praticar esqui ou snowboard.
O meu hotel é uma chalé alpina que fica a meio da montanha. Quando cheguei tive de apanhar um teleférico e levar a minha mala por uma rampa de esqui acima, deixando um enorme rasto na neve atrás dela, à medida que me desviava dos esquiadores e snowboarders o tempo todo. Por uma vez pensei que o meu plano de "andar por todo e qualquer lugar" começava a parecer um bocado parvo, além de que nem tinha a certeza de estar a ir na direção certa - juro que nunca fiquei tão feliz por ouvir a estridente música tirolesa na minha vida!
É um lugar estranho; as pessoas são muito simpáticas e prestativas, mas assemelha-se um pouco a estar num campo de férias de verão ou algo do género - é-lhe dito a que horas se levantar, tomar banho, voltar para casa, comer, etc., e até mesmo a que horas ir para a cama. A maioria dos hóspedes são adolescentes/estudantes em grandes grupos em viagens de esqui, por isso acho que se não fosse assim, reinaria o caos.
No entanto, a principal razão pela qual aqui estou é por causa dos Juhyo. Estes consistem nos pinheiros que ficam cobertos de neve de tal forma que não se vê nenhuma parte verde, transformando-se em "monstros de neve". Encontram-se mesmo no topo da montanha, onde a humidade do ar se congela instantaneamente em todo o lado, e precisará de apanhar dois teleféricos para lá chegar. Os pinheiros transformam-se em enormes formas, algumas assemelhando-se a animais ou construções, e pode andar pelo meio deles com neve pelos joelhos. Apenas precisa de se afastar alguns metros da pista de esqui para lhe perder completamente o rasto, deixando mesmo de ouvir qualquer som, por isso é muito provável que apenas tenha as suas próprias pegadas fundas para o guiar de volta. Os Juhyo são espetaculares e mesmo etéreos, de um impressionante branco, e numa tão grande variedade de estranhas e sinuosas formas que mais parecem ser uma horda de criaturas místicas, erguendo-se silenciosamente no topo da montanha. É quase impossível não ficar impressionado pela sua presença imponente.
A partir da estação de teleférico no topo, pode olhar para baixo para todas as rampas, a cidade de Zao Onsen e o vale que fica para trás - para lá ficam as outras cadeias montanhosas que formam a espinha do Japão prolongando-se no horizonte. Eu acho que a vista do topo é um dos panoramas naturais mais belos que já presenciei, e é definitivamente para o que a palavra "vista" foi criada. Tirei um monte de fotos mas sinto que nenhuma lhe faz justiça, pois as camadas de neve que cobrem as montanhas que se estendem no horizonte são muito difíceis para a câmara captar, ainda para mais num dia tão solarengo como hoje. De facto, apanhei queimaduras num clima de -4ºC por causa do reflexo da neve, e por algumas vezes quase caí quando chegava a uma estação de teleférico, pois entrar de repente num sítio escuro deixa-o bastante desorientado.
Até hoje visitei vários locais no Japão em que fui a pensar "Hmmm, será que vai valer a pena? Apenas quero ver uma coisa; e se não for muito bom? Então terei desperdiçado dois dias...", e em todas essas vezes as minhas dúvidas não tinham qualquer razão de ser. Todos esses locais foram muito divertidos e recompensadores, pelo que senti sempre que valeu muito a pena, quer pela paisagem ou fenómenos naturais da região, ou até mesmo pelo hotel onde fiquei.
No entanto, penso que Zao ganhou o prémio a ir de "Deves estar a gozar, isso é tão longe!" para "Oh meu deus! É fantástico!" da maneira mais fantástica. Comecei por passar 30 minutos a arrastar a minha mala pela neve com os pés congelados para chegar a um hotel e ser mandada tomar banho com mais três raparigas, e na manhã seguinte estava no topo da montanha também com os pés congelados mas a pensar que podia ali ficar o resto do dia.